Quando pensamos em inovação, em geral fazemos uma associação com novas tecnologias ou produtos que de forma significativa alterem os padrões estabelecidos.
Talvez a mais emblemática associação que se faça nos dias atuais em relação a inovação seja com as figuras de Steve Jobs da Apple e Elon Musk, o visionário empresário dono da Tesla Motors, Space X e Solar City.
As várias revoluções industriais por qual passamos desde o século XIX, nos fez amadurecer esse conceito de inovação disruptiva imprimindo novos padrões. Foi assim com a máquina a vapor, com a eletricidade, com o conceito de linhas de produção de Ford, com o transistor e a miniaturização da eletrônica, com o crescimento da informática, com a popularização da internet e mais recentemente o que se chama de Indústria 4.0, a quarta revolução industrial que traz a inteligência artificial (AI) e o Machine Learning (ML) para o chão de fábrica.
Mas se as inovações chamadas disruptivas marcam datas e separam períodos ditos revolucionários, nosso dia a dia na indústria é repleta de pequenas mas não menos importantes inovações incrementais. Ou seja, melhorias de processos ou produtos em busca de otimização de custos, eliminação de falhas, aumento da segurança, funcionalidades adicionais e melhorias de performance de acordo com as novas necessidades do mercado.
Se pegarmos o exemplo da Apple que de forma disruptiva revolucionou o conceito de telefonia móvel com o iPhone, veremos que as versões subsequentes foram essencialmente inovações incrementais com aumento de performance ou adição de funcionalidades.
Por outro lado e extremamente importante é o que vem ocorrendo com a inovação dos modelos de negócios. Como exemplo podemos citar o aplicativo Uber, que está alterando o status quo das companhias de táxi nas grandes cidades em todo o mundo. A própria Apple, não inovou somente com seus produtos, ela revolucionou o modelo de negócios da indústria do entretenimento e praticamente acabou com a indústria fonográfica tradicional em 2001 através do lançamento do iTunes..
A grande contribuição das startups de tecnologia, é na verdade relacionadas aos modelos de negócios inovadores. Sem dúvida as tecnologias que suportam esses aplicativos são fundamentais, mas é no modelo de negócio que se apresenta atualmente a disrupção.
Também no universo B2B, novos modelos de negócios inovadores e disruptivos vem alterando a forma muitas vezes ineficientes de se fazer negócios. Um exemplo é o aplicativo chamado “Truckpad” que conecta caminhoneiro e as empresa demandante do frete em várias cidades do Brasil. Isso diminui o tempo de permanência do caminhão parado em busca de frete, aumentando significativamente a eficiência e eliminando intermediários que não agregam valor.
O economista Joseph Schumpeter em seu livro “Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942), traz o conceito de “destruição criativa” onde o processo de inovação é o grande responsável pelo desaparecimento de empresas e antigos modelos de negócios, funcionando como um potencializador do crescimento econômico sustentável de longo prazo.
O que Steve Jobs e Elon Musk tem em comum? Bem além da visão, da preocupação com design, da qualidade e da inovação tecnológica de seus produtos, ambos quebraram os paradigmas de modelos de negócios tradicionais e propuseram algo totalmente disruptivo.
A minha percepção no entanto é que poucas indústrias (aqui no sentido amplo da palavra) efetivamente colocam esforços, tanto financeiros quanto em recursos humanos para a efetiva gestão da inovação. Isso acaba ficando na esfera do P&D mais tradicional, que nem sempre está adequadamente conectado com as áreas de negócios. Essas empresas portanto, correm um sério risco, por não repensarem constantemente os seus modelos de negócios podem ser surpreendidos por ameaças e novos entrantes não tão facilmente identificados nas suas análises SWOT.
Para finalizar esse artigo, trago a observação do professor Henry Chesbrough da Universidade da Califórnia em Berkeley
Empresas comercializam novas ideias e tecnologias através dos seus modelos de negócios.
Ao mesmo tempo que as empresas investem em produtos e processos para explorar novas ideias e tecnologias, elas quase sempre tem pouca habilidade para inovar os seus modelos de negócios através dos quais suas ideias ou tecnologias chegam ao mercado.
Isso é relevante, porque a mesma ideia ou tecnologia através de dois modelos de negócios diferentes, irão proporcionar resultados econômicos diferentes (Chesbrough – 2010).
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